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A crítica Nnecessária aos gastos públicos dos políticos no Brasil

O custo Brasil que ninguém aguenta mais

Vagner Engracia

6/20/202510 min read

a man standing in front of a large bag of money
a man standing in front of a large bag of money

O custo Brasil que ninguém aguenta mais: A conta salgada dos nossos políticos e o risco de afundar o País

O debate sobre os gastos públicos no Brasil é constante e, frequentemente, doloroso. Falamos de carga tributária alta, serviços públicos aquém do ideal, e um eterno dilema fiscal que parece insolúvel. Mas há uma fatia desses gastos que causa particular indignação e perplexidade na população: o custo da máquina política em si, os privilégios e vencimentos da classe política que, para muitos, vive em uma realidade paralela à da grande maioria da população.

Não se trata de demonizar a política – uma boa, ética e representativa política é essencial para a democracia e para o avanço social. O problema reside no excesso, na discrepância gritante e na falta de transparência e justificativa que cercam as despesas de muitos dos nossos representantes eleitos e nomeados. É uma hemorragia de recursos que não apenas pesa de forma insuportável no bolso do contribuinte, mas também corrói a confiança nas instituições, alimenta o cinismo e, no limite, mina as bases de um país já fragilizado por desigualdades e crises recorrentes.

Vamos dissecar alguns dos principais componentes dessa conta salgada que pagamos sem trégua:

1. Salários: A disparidade salarial, o serviço prestado e a desconexão com a realidade

À primeira vista, os salários base de deputados federais, senadores e ministros após reajustes quefrequentemente superam a inflação e a capacidade de pagamento da população já saltam aos olhos.Comparar esses vencimentos com o salário mínimo nacional (poucomaisde R$ 1.400) ou mesmo com a renda média do trabalhador brasileiro (que mal ultrapassa R$ 3.000) revela um abismo social e econômico. Enquanto milhões sobrevivem com um ou dois salários mínimos, a cúpula do poder político goza de vencimentos astronômicos, pagos com o dinheiro arduamente arrecadado dos impostos de todos.

O argumento de que altos salários atraem os melhores talentos para a política e inibem a corrupção é frequentemente utilizado por quem defende o status quo. No entanto, a realidade empírica e a história recente do Brasil mostram que isso nem sempre se traduz em melhor serviço, maior probidade, eficiência na gestão pública ou, de fato, na atração dos mais qualificados e éticos. Pelo contrário, essa disparidade salarial, desconectada da realidade do país que governam e dos desafios enfrentados pela população, alimenta a percepção de uma elite política autocentrada, distante e alheia aos problemas reais do povo. É uma injustiça flagrante, um desincentivo à participação cidadã e um insulto àqueles que labutam diariamente com rendas infinitamente menores e sem qualquer garantia ou privilégio.

2. Benefícios e regalias: Uma cascata de auxílios e vantagens indecentes e opacas

O salário base, por si só, seria apenas parte do problema, embora já excessivo. A conta explode e se torna verdadeiramente indecente quando somamos a vasta, complexa e muitas vezes opaca lista de benefícios, auxílios e regalias que se acumulam aos vencimentos, elevando o custo real de cada político a patamares estratosféricos:

  • Auxílio-Moradia: Mesmo com centenas de apartamentos funcionais de alto padrão disponíveis em Brasília, muitos parlamentares optam por receber um auxílio financeiro considerável para moradia (atualmente em torno de R$ 4.253,00 mensais), sob a justificativa de que não há imóveis funcionais suficientes ou adequados. Um privilégio desnecessário quando há imóveis públicos vagos.

  • Verba de Gabinete: Uma quantia generosa (que pode chegar a mais de R$ 100 mil mensais por parlamentar na Câmara dos Deputados, variando conforme o estado) destinada a contratar assessores. Este é um campo fértil e historicamente problemático para o nepotismo, a contratação de apadrinhados sem qualificação técnica ("cabides de emprego"), funcionários fantasmas ou com salários desproporcionais à função. A falta de critérios rigorosos de seleção e fiscalização permite que essa verba se transforme em um mecanismo de fortalecimento de bases políticas e interesses particulares, em vez de focar na eficiência do trabalho legislativo.

  • Cotas de Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP): Valores significativos (que podem ultrapassar R$ 40 mil mensais, dependendo do estado do parlamentar) destinados a "cobrir despesas inerentes ao exercício da atividade parlamentar". A lista de despesas que podem ser pagas com a CEAP é vasta e, historicamente, tem sido alvo de escândalos e questionamentos. Inclui desde passagens aéreas (muitas vezes usadas para fins pessoais ou de familiares, em classes executivas), combustível, aluguel de carros, aluguel de escritórios regionais, material de escritório, serviços de consultoria, até gastos com alimentação em restaurantes de luxo e divulgação do trabalho parlamentar (que, na prática, muitas vezes se confunde com promoção pessoal e eleitoral). A fiscalização sobre o uso dessa verba é notoriamente frouxa e reativa (apenas após denúncias), permitindo todo tipo de abuso e desvio de finalidade.

  • Transporte: Além das passagens aéreas ilimitadas (ou quase) pagas pela CEAP, muitos políticos e seus gabinetes dispõem de carros oficiais, motoristas e auxílio-combustível, garantindo locomoção privilegiada e sem custos próprios.

  • Alimentação: Auxílios específicos ou reembolso irrestrito de gastos com refeições e lanches, com valores que fariam o cidadão comum, que muitas vezes tem que levar marmita, cair para trás.

  • Saúde: Planos de saúde de altíssimo padrão, sistemas de reembolso privilegiados ou fundos de saúde próprios (como o Pró-Saúde para os servidores do Legislativo e Judiciário) que garantem acesso a hospitais e tratamentos de ponta sem os custos e as dificuldades enfrentadas pela imensa maioria da população que depende do subfinanciado e sobrecarregado Sistema Único de Saúde (SUS).

  • Outros Auxílios: Em algumas esferas ou momentos, surgem auxílios adicionais como "Auxílio-paletó" (para compra de vestuário formal), auxílio-livro, auxílio-educação para dependentes, entre outros, somando-se à já longa lista de privilégios.

Esses benefícios e auxílios, pagos à margem do salário e com pouca transparência e controle, elevam o custo real de cada político a patamares estratosféricos, criando uma verdadeira casta de privilegiados cujas regalias são bancadas pelo contribuinte que, ironicamente, luta diariamente para ter acesso a serviços básicos de qualidade em saúde, educação e segurança.

3. As "Emendas Secretas", o orçamento paralelo e a caixa preta do orçamento público

Embora as chamadas "emendas de relator" (RP-9), que ganharam a alcunha de "orçamento secreto" devido à sua opacidade, tenham sido declaradas inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no final de 2022, o mecanismo e a lógica por trás delas infelizmente ainda pairam sobre o uso do orçamento público. As RP-9 representaram o ápice da falta de transparência orçamentária, permitindo que centenas de bilhões de reais fossem direcionados por parlamentares (cujos nomes sequer eram publicamente identificados inicialmente) com critérios obscuros, sem planejamento técnico, sem publicidade adequada e sem controle social efetivo.

O escândalo das RP-9 evidenciou como a negociação de verbas com pouca transparência e baseada em interesses políticos (e não necessariamente técnicos ou sociais) pode distorcer completamente as prioridades de investimento do Estado. Dinheiro público, que deveria ir para áreas essenciais com base em planejamento e necessidade, era canalizado para obras e projetos que serviam primariamente a interesses eleitorais, clientelistas ou privados dos parlamentares "padrinhos" da verba. Essa falta de transparência e a discricionariedade excessiva abrem as portas para a corrupção, o desperdício e a ineficiência. A luta por mais transparência e controle social sobre todas as modalidades de emendas parlamentares (individuais, de bancada, de comissão, etc.) e sobre a execução orçamentária como um todo continua sendo fundamental e urgente para evitar novas formas de "orçamento paralelo" ou "secreto".

4. Despesas gerais e a estrutura faraônica de apoio

Além dos gastos diretos com salários e benefícios dos políticos, a estrutura que os cerca para "apoiar" suas atividades também consome uma fatia colossal do orçamento. A manutenção de gabinetes enormes, com dezenas de assessores (cujos salários, muitas vezes altíssimos, também são pagos com dinheiro público), e os custos operacionais de suas atividades (viagens oficiais, diárias, eventos, material de consumo, serviços de comunicação, segurança, etc.) somam valores vultosos que, novamente, raramente são submetidos a um escrutínio rigoroso e justificado pela real necessidade, eficiência e retorno para a sociedade do trabalho parlamentar. O tamanho e o custo dessa estrutura de apoio parecem, em muitos casos, desproporcionais à produtividade legislativa e à qualidade da representação entregue à população.

O impacto devastador: Fiscal, moral e existencial

A manutenção desse padrão de gastos excessivos, privilégios injustificáveis e opacidade para a classe política tem um impacto corrosivo em múltiplas dimensões da vida nacional:

  • Impacto Fiscal: É dinheiro que sai diretamente do bolso do contribuinte, via impostos (que no Brasil representam uma carga elevadíssima, especialmente para os mais pobres, devido à regressividade do sistema tributário), e não retorna em forma de saúde de qualidade, educação pública decente, segurança eficaz, infraestrutura moderna, saneamento básico ou outros serviços públicos essenciais. Em um país com dívida pública elevada, déficit fiscal crônico e um teto de gastos constantemente sob pressão, cada real gasto em privilégios e ineficiências na máquina política é um real a menos para investimentos essenciais no futuro da nação e na melhoria da vida da população. É uma sangria financeira insustentável que compromete a capacidade do Estado de cumprir suas funções básicas e promover o desenvolvimento. O custo de oportunidade desses gastos é imenso e recai sobre os ombros da sociedade.

  • Impacto Moral: A ostentação, a desconexão da classe política com a realidade vivida pela maioria da população e a percepção de impunidade diante de abusos geram revolta, cinismo, apatia e desconfiança profunda nas instituições democráticas e na própria política como ferramenta de transformação social. Quando o cidadão comum vê seus impostos financiarem regalias indecentes (auxílios, passagens em primeira classe, supersalários) enquanto ele mesmo enfrenta filas no SUS, escolas precárias, transporte público lotado e insegurança nas ruas, a percepção de que a política serve apenas a si mesma e a uma casta privilegiada se cristaliza. Isso é devastador para a moral pública, para o senso de justiça e para a coesão social.

  • Impacto Político e Existencial: A longo prazo, essa situação mina a legitimidade do próprio sistema político democrático. A descrença generalizada, a sensação de que "todos são iguais" ou de que "nada vai mudar" abre espaço perigoso para discursos populistas, autoritários e anti-democráticos que prometem "acabar com tudo isso" ou "varrer a velha política", muitas vezes sem apresentar soluções viáveis e respeitando os princípios democráticos. A manutenção desse status quo de privilégios caros, injustificáveis e opacos representa um risco existencial para a democracia brasileira e para o próprio país. Não é apenas um problema de orçamento ou de moralidade; é um problema que corrói a confiança, exacerba a desigualdade, mina a justiça e destrói a própria capacidade do Brasil de se desenvolver de forma sustentável e de oferecer um futuro digno e com oportunidades para todos os seus cidadãos. O excesso de gastos, a falta de transparência e a ausência de moralidade na política podem, sim, acabar com o país no sentido de destruir sua viabilidade econômica (pela irresponsabilidade fiscal e desperdício), social (pela exacerbação da desigualdade e da injustiça percebida) e política (pela ruína da confiança nas instituições democráticas e pelo colapso da legitimidade).

  • A Necessidade Imperativa de Moralizar, Racionalizar e Reduzir Drasticamente Esses Gastos

Diante desse quadro alarmante, a redução drástica, a racionalização e a moralização dos gastos públicos com a classe política não são apenas desejáveis ou uma pauta populista; são imperativas para a sobrevivência, a estabilidade e o futuro do Brasil como nação justa e democrática.

É urgente e fundamental implementar medidas concretas para:

  • Reduzir salários e benefícios a patamares razoáveis: Nivelar os vencimentos a patamares compatíveis com a realidade econômica do país e com a remuneração de outras carreiras de Estado qualificadas, eliminando benefícios e auxílios que se configuram como verdadeiras distorções, privilégios e penduricalhos injustificáveis. Considerar vincular salários políticos a múltiplos da renda média ou do salário mínimo, ou ao teto do funcionalismo público, sem exceções.

  • Acabar com a opacidade e garantir transparência total: Implementar mecanismos de transparência ativa e em tempo real para todos os gastos públicos, especialmente as verbas parlamentares e despesas de gabinete. Criar portais de transparência de fácil acesso e compreensão, com detalhamento de cada gasto, nome do beneficiário e justificativa clara. Fortalecer os órgãos de controle externo (Tribunais de Contas) e interno, e garantir mecanismos eficazes de controle social e participação cidadã na fiscalização. Punição rigorosa para abusos e desvios.

  • Racionalizar e rever a estrutura de apoio: Questionar o tamanho e o custo dos gabinetes e assessorias, estabelecendo limites máximos de gastos e número de funcionários, com critérios claros de qualificação e produtividade. Buscar eficiência e profissionalização baseada em mérito, não em apadrinhamento ou laços pessoais/políticos.

  • Moralizar a política pelo exemplo: Exigir que nossos representantes vivam mais próximos da realidade da população que servem, utilizando os serviços públicos (SUS, escolas públicas, transporte público) que eles próprios são responsáveis por melhorar e financiar adequadamente. Que sintam na pele os problemas que o cidadão comum enfrenta.

A luta pela moralização dos gastos públicos na política não é uma pauta menor; é uma luta fundamental pela justiça fiscal, pela eficiência na aplicação dos escassos recursos públicos e, fundamentalmente, pela reconstrução da confiança nas instituições democráticas e na própria capacidade do país de se governar de forma ética e responsável. É um passo essencial para que o Brasil possa, enfim, destinar seus escassos e suados recursos para o que realmente importa: construir um futuro mais justo, próspero, seguro e com oportunidades para todos os brasileiros, e não apenas para sustentar uma casta de privilegiados.

Qual a sua opinião sobre o custo dos nossos políticos e o impacto desses gastos na sua vida e no futuro do Brasil? O que você acredita que deveria ser feito URGENTEMENTE para mudar essa realidade e tornar a política mais ética, transparente e eficiente? Deixe seu comentário e participe ativamente dessa discussão vital para o futuro do nosso país!

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